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terça-feira, 26 de maio de 2009

Mona Lisa e sua aura. Aura???




Durante as aulas de Dimensão Estética da Educação, o professor, Edvaldo Couto, falava sobre a questão da aura, tomando com base os conceitos que Benjamin traz. Discutimos sobre a Mona Lisa (conhecida como La Gioconda ou Mona Lisa del Giocondo), obra do pintor italiano, Leonardo da Vinci. Percebemos que nela está posto a ideia da aura, como "uma figura singular composta de elementos espaciais e temporais." (p. 170). Atrela-se a isso, o belo, o intocável, o irreprodutível.


Em "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica" , no pensamento de Benjamin, a idéia de beleza está relacionada à ideia de "invólucro" que encobre a obra de arte e mantém a essência da beleza inacessível. A beleza da obra de arte, assim, reside em sua essência misteriosa. O autor diz que o belo é o objeto que "permanece misterioso por conta de seu invólucro". A aura equivale a este véu ou invólucro que exprime o belo preservando a inacessibilidade da própria essência da beleza: "o que se atrofia na era da reprodutibilidade técnica da obra de arte é sua aura" (p. 168).


E quanto ao declínio da aura? O valor do culto e de eternidade, onde se encaixam? Mais especificamente me direciono para a obra Mona Lisa.


Abaixo veremos que o culto e a aura, em a Mona Lisa, se perdem com "cópias" ou reproduções voltadas para a sátira.













"Volver" novamente!!!!

Poucos foram os filmes do diretor espanhol, Almodovar, que assisti. Má Educação e Fale com Ela foram os únicos. Mesmo com o pouco repertório de filmes, gosto do seu modo escrachado e debochado de redigir textos.

Ao assitir o filme, Volver, fiquei com um sentimento de "porque não tinha assistido isso antes?" [rsrsrsrs]

O filme conta a história de três gerações de mulheres que sobrevivem ao vento, ao fogo, à loucura, à supertição e, inclusive, à morte. As personagens principais do filme são todas mulheres. Raimunda, vivida por Penélopoe Cruz, é uma mulher casada e mãe de uma filha. Como a família, enfrenta problemas financeiros, mesmo assim Raimunda possui vários empregos e tenta manter a todos.

Seu marido, Paco, é encontrado morto, e Raimunda e sua filha tentam se desfazer do corpo sem deixar pistas. A filha confessa que matou o pai, pois estava bêbado e queria abusar dela sexualmente. A partir de então, Raimunda busca meios de salvar a filha, enquanto que Sole (irmã de Raimunda) viaja sozinha até uma aldeia para o funeral da tia que também havia falecido.
Tive a impressão de está assistindo uma comédia surrealista, pois vivos e mortos convivem sem restrições provocando situações hilariantes ou de uma emoção intensa e genuína. Volver é um filme sobre a cultura da morte.

Percebi que Volver é um filme bastante cativante. A trama se desenrola sem que o espectador saiba exatamente qual deverá ser o seu desfecho e as características de Almodovar vão, pouco a pouco, tomando conta da história.

"Volver" novamente!!!!!!!!
:]

Filmes em sala de aula!!!!

Estou trabalhando com meus alunos o tema "Cultura de comunidades" e "Sofrer preconceito e discriminações". Assisti com eles "Gran Tourino" e "Escritores da Liberdade". Excelentes fimes. Trata dos conflitos, agressões e de como é possível viver em uma comunidade de cultura, costumes e etnias diversas.

"Gran Tourino" tem uma atuação e direção magestral de Clint Eastwood, vivendo o papel de um idoso ainda arraigado de preconceitos e tradicionalismo em seu bairro.

"Escritores da Liberdade" é uma história real, com atuação de Hillary Swank, relata o envolvimento de adolescentes criados no meio de tiroteios e agressividade com uma professora que MUDA o destino e o desrespeito que eles tem com a escola, ligado ao aprendizado sobre a língua e o compromisso com a escrita.
Valeu a pena levar filme, outro tipo de texto, para a sala de aula.
Espero sugestões e comentários sobre filmes!!!
:]

segunda-feira, 4 de maio de 2009

"Tenda dos Milagres" (1)

Tenho uma verdadeira paixão por literatura baiana. Alguns autores, mais contemporâneos, marcaram meu repertório de leitura, dentre eles: Aleilton Fonseca, Adonias Filho, Ildásio Tavares. Mas como não se reportar a Jorge Amado? Um autor que constrói seus romances com elementos folclóricos e populares, envolvendo os costumes afro-brasileiros, a comida típica, o candomblé, os terreiros, a capoeira, mestiçagem baianos? A escolha feita pelo romance Tenda dos Milagres se deve pela contribuição do escritor baiano para a Literatura Baiana o qual descreve características nacionais como outras que se identificam peculiaridades da Bahia, esboçando os costumes, manias, valores e religiosidade do povo.

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Tenda dos milagres traz como enredo a história de Pedro Arcanjo, um mulato de muitos amores, que documentou a cultura popular e provou a ascendência negra da elite baiana do início do século XX. Ele era um antigo bedel na Faculdade de Medicina. Para a época, ele foi considerado um herói, porém pobre e boêmio e assumiu o preço de colocar o "dedo na ferida" dos hipócritas inimigos da mestiçagem.

Como bem relata Jorge Amado, "A estória de Pedro Arcanjo começa muitos anos após a sua morte" (p. 1). As suas obras amargavam o mais profundo anonimato, quando J.D. Levenson, um professor da Universidade de Columbia nos Estados Unidos, descobre a existência de quatro livros escritos por Pedro, que documentavam a formação e miscigenação do povo bBaiano.

Levenson vem ao Brasil levar em frente a sua investigação acerca da vida de Arcanjo. A pesquisa coincide com a festa do centenário de nascimento do baiano. Até então, ninguém da mídia conhecia ou prestigiava a obra do badel. A mídia escrita, falada e televisiva, aproveita-se, então, da situação para ovacionar Pedro Arcanjo como um dos grandes nomes da literatura baiana.

Arcanjo fez a impressão do livro na Tenda dos Milagres, um ateliê de quadros, que segundo seu amigo Budião, fazia "milagres" com quem era pintado, localizado na antiga Ladeira do Tabuão. E foi justamente por causa desse livro que a alta aristocrácia baiana declarou guerra ao bedel.

O que achei fantástico no livro foi o fato de Jorge Amado se apropriar de notícias de jornais/periódicos da época (décadas de 50/60) e resgatar informações sobre a história de Pedro Arcanjo e sobre os seus livros.

Segundo o Jornal Correio de Notícias, um professor renomado da Faculdade de Medicina, "Os negros e mulatos tinham tendência hereditária para o crime e não deveriam conviver na mesma sociedade que os brancos. Deveria o governo deportá-los para a região norte do país, que ainda não havia sido explorada, para eles conviverem entre sí, longe da raça pura..."

O professor Argolo não imaginava, porém, que na Bahia não existe raça pura, pois são todos frutos da mistura das três raças formadoras do Brasil, e a que mais predominava, evidentemente era a negra. Diante disso, Arcanjo provocou a elite, trazendo infomações sobre a linhagem genética das famílias elitizadas da Bahia. Por conta disso, foi preso, teve amigos mortos, teve a capoeira e o candomblé censurados e muitas pessoas foram agredidas pela polícia.

Entre prisões e diversas arbitrariedades, Arcanjo lutou por uma valorização da cultura negra baiana (religião, costumes, dança, arte, festas populares) até o último dia de sua vida. Jorge Amado finaliza o livro dizendo que muita gente crer que boa parte da Bahia foi povoada por Arcanjo, pois misturou o seu sangue com branca, índia, parda, e também uma finlandesa chamada Kirsi, com quem teve um filho.

Pedro Arcanjo morreu pobre e esfarrapado, esquecido por seus inimigos, mas lembrado pelo povo.

Este livro é um dos livros que traz características marcantes de Jorge Amado, como a identidade nacional, os aspectos sociais, religiosos e a cultura popular.
Recomendo a leitura, para quem gosta de literatura e cultura baianas, periódicos antigos e da cultura negra popular.