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domingo, 30 de agosto de 2009

No ritmo do banzo

(Andreza Conceição)

Com o coração apertado o sofrimento lateja!

Não, essa não é mais uma de amor.

Olho pr’o lado, só olhos atormentados – o medo. Do outro lado, a boca fala outras línguas ou a mesma. A minha, seca num grito silencioso. Nem todas as bocas gritam o medo. Muitas calam-se.

As mãos, não as sentia mais. Nelas pingava o suor que escorria do corpo. O corpo do outro. Tantos outros que a conta se perdia em meio à escuridão e ao embalo do mar.

O sofrimento se multiplicava em olhos, boca, suor e nos outros, tantos aflitos.

Tensão. Fuga.

Em alto mar são raras as chances de saída. Aqui, elas não existiam. As correntes são fortes e se prendem ao meu grito, ao suor, ao sofrimento de todos. Todos juntos num só murmúrio.

Tristeza e nostalgia – banzo.

Meu murmúrio era calado. Não suportava aquela agonia.

Suor, sangue, sofrimento, murmúrio.

Dor no peito. Tontura. Espuma. A idade já pesa. O banzo se esmera em alto mar. O grito não sai. Todo grito é suportável ao lamento da dor. Mas esse não o era. E eu ali sentado, entre correntes e corpos. Tantos.

Suor, sangue, dor, espuma, murmúrio – morte. Tão lenta quanto o último pingo do suor no seu rosto. Como um bom ser humano, pensei: antes ele do que eu.
Ver sofrimento alheio é imaginar-se livre de algumas dores.

Logo vi escrito na tua face: antes aqui do que lá.

Perguntei-me onde. No ritmo do banzo, a história te conta. A mais corriqueira delas.

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