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segunda-feira, 4 de maio de 2009

"Tenda dos Milagres" (1)

Tenho uma verdadeira paixão por literatura baiana. Alguns autores, mais contemporâneos, marcaram meu repertório de leitura, dentre eles: Aleilton Fonseca, Adonias Filho, Ildásio Tavares. Mas como não se reportar a Jorge Amado? Um autor que constrói seus romances com elementos folclóricos e populares, envolvendo os costumes afro-brasileiros, a comida típica, o candomblé, os terreiros, a capoeira, mestiçagem baianos? A escolha feita pelo romance Tenda dos Milagres se deve pela contribuição do escritor baiano para a Literatura Baiana o qual descreve características nacionais como outras que se identificam peculiaridades da Bahia, esboçando os costumes, manias, valores e religiosidade do povo.

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Tenda dos milagres traz como enredo a história de Pedro Arcanjo, um mulato de muitos amores, que documentou a cultura popular e provou a ascendência negra da elite baiana do início do século XX. Ele era um antigo bedel na Faculdade de Medicina. Para a época, ele foi considerado um herói, porém pobre e boêmio e assumiu o preço de colocar o "dedo na ferida" dos hipócritas inimigos da mestiçagem.

Como bem relata Jorge Amado, "A estória de Pedro Arcanjo começa muitos anos após a sua morte" (p. 1). As suas obras amargavam o mais profundo anonimato, quando J.D. Levenson, um professor da Universidade de Columbia nos Estados Unidos, descobre a existência de quatro livros escritos por Pedro, que documentavam a formação e miscigenação do povo bBaiano.

Levenson vem ao Brasil levar em frente a sua investigação acerca da vida de Arcanjo. A pesquisa coincide com a festa do centenário de nascimento do baiano. Até então, ninguém da mídia conhecia ou prestigiava a obra do badel. A mídia escrita, falada e televisiva, aproveita-se, então, da situação para ovacionar Pedro Arcanjo como um dos grandes nomes da literatura baiana.

Arcanjo fez a impressão do livro na Tenda dos Milagres, um ateliê de quadros, que segundo seu amigo Budião, fazia "milagres" com quem era pintado, localizado na antiga Ladeira do Tabuão. E foi justamente por causa desse livro que a alta aristocrácia baiana declarou guerra ao bedel.

O que achei fantástico no livro foi o fato de Jorge Amado se apropriar de notícias de jornais/periódicos da época (décadas de 50/60) e resgatar informações sobre a história de Pedro Arcanjo e sobre os seus livros.

Segundo o Jornal Correio de Notícias, um professor renomado da Faculdade de Medicina, "Os negros e mulatos tinham tendência hereditária para o crime e não deveriam conviver na mesma sociedade que os brancos. Deveria o governo deportá-los para a região norte do país, que ainda não havia sido explorada, para eles conviverem entre sí, longe da raça pura..."

O professor Argolo não imaginava, porém, que na Bahia não existe raça pura, pois são todos frutos da mistura das três raças formadoras do Brasil, e a que mais predominava, evidentemente era a negra. Diante disso, Arcanjo provocou a elite, trazendo infomações sobre a linhagem genética das famílias elitizadas da Bahia. Por conta disso, foi preso, teve amigos mortos, teve a capoeira e o candomblé censurados e muitas pessoas foram agredidas pela polícia.

Entre prisões e diversas arbitrariedades, Arcanjo lutou por uma valorização da cultura negra baiana (religião, costumes, dança, arte, festas populares) até o último dia de sua vida. Jorge Amado finaliza o livro dizendo que muita gente crer que boa parte da Bahia foi povoada por Arcanjo, pois misturou o seu sangue com branca, índia, parda, e também uma finlandesa chamada Kirsi, com quem teve um filho.

Pedro Arcanjo morreu pobre e esfarrapado, esquecido por seus inimigos, mas lembrado pelo povo.

Este livro é um dos livros que traz características marcantes de Jorge Amado, como a identidade nacional, os aspectos sociais, religiosos e a cultura popular.
Recomendo a leitura, para quem gosta de literatura e cultura baianas, periódicos antigos e da cultura negra popular.

4 comentários:

  1. Pois [e os romances de Jorge sao de uma grande riqueza ,de detalhes sobre os costumes e espaçoes geogr[aficos da Bahia.Estou pódendo perceber isso,em Capitaes da areia livro, ao qual estou lendo.

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  2. Hummm sou um pouquinho preconceituosa com literatura baiana. MNão que ache que não seja boa mas pela sensação de que sempre será meio chatinha. A verdade é que preciso me debruçar sobre algum dele. sei que assim poderei me ver bastante na literatura pois sou baianíssima. Obrigada pela dica
    Beijosssssss

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  3. Oi,

    Menina, precisa postar, fazer comentários sobre as leituras, visitas etc. Tá muitro devagar, até parece baiana. kkkkkkkk
    Beijo.
    Edvaldo Couto

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  4. É que co-mo le-gi-ti-ma ba-i-a-na,as coi-sas an-dam mui-to de-va-garrrr!!!

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